-Você não vai me obrigar a fazer isso! Falei.
-Você sabe muito bem o que está em jogo. Ameaçou Bruce.
-As pessoas não acreditarão. Revidei.
-Eu sou muito mais popular que você. Elas acreditarão facilmente em minhas mentiras. Bruce falou de um jeito que me dava nojo.
-Será muito pior se descobrirem que isso for mentira''as mentiras''. Anunciei.
-Aposta quanto? Ele perguntou.
-Vamos ver. Pensei, talvez falando de um jeito inaudível, espero.
Entramos no colégio. Todos olhavam para nós, o ''casal do momento''.Ou olhavam também para aquele vestido vulgar que Bruce me fez usar.
-Siga a minha dança. Bruce disse, aquilo me fez arrepiar. Será que ele teria de coragem de fazer uma coisa horrível?
De longe pude avistar Pierre. O garoto lindo, meu confidente, meu amor. Pude perceber o seu olhar de raiva quando nos viu. Gostaria de naquele momento ser telepata. Queria enviar a seguinte mensagem: ''isso é uma farsa, eu amo você''. Pena que eu não era.
-Ah! Que casalzinho meigo! Falou a idiota da Dominique. A garota super popular, metida e malvada.
-Vejo que veio sozinha Dominique. Disse Bruce.
-É, neste colégio não existem garotos a minha altura. Ela disse. Bruce soltou uma gargalhada ridícula.
O baile nem havia começado, mas percebi que já estava lotado. Senti muita vergonha. Sempre falei para minhas amigas que nunca iria sair com um garoto popular. Estava desonrando minha palavra, de modo obrigatório. Isto estava me magoando. Poderia perder amizades, amor e confiança. Sabia que iria ser motivo de fofoca no outro dia. Eu não quero isso. Não quero.
Enquanto ia seguindo Bruce, vi minhas amigas me fitando de um jeito que me doía. Balancei a cabeça redirecionando um não, espero que elas tenham entendido. Bruce me obrigou a tomar duas doses de Vodka. Suponho que ele queria acabar com a minha reputação. Tive medo de ele fazer mal a mim.
Percebi que minhas amigas andavam em direção ao banheiro. Ameacei Bruce que se ele não me deixasse ir iria fazer minhas necessidades ali mesmo. É óbvio que ele deixou, isso iria atingir a popularidade dele.
Corri até lá.
-Meninas me ajudem. Falei a minhas amigas.
-O quê? Quer que te protegemos do Bruce. Ele quer um momento de vocês dois a sós? Falou Jô, de um jeito irônico.
-Sim e não. Escutem. Bruce me obrigou a vir ao baile e fazer o que ele quisesse. Ameaçou ele de mentir coisas terríveis. Não pude revidar. Não quero virar fofocar. Precisamos encontrar um jeito de impedir ele. Desabafei.
-Aconteceu comigo uma vez algo parecido. O que aconteceu não vem ao caso. Procurei algo que anunciasse em alto e bom som o que estava acontecendo. Aqui, podemos anunciar a partir da mesa do DJ. Ele não iria nos impedir. Sugeriu Lari.
-Outras opiniões? Perguntei. Fizeram que não com a cabeça. -É isso que iremos fazer. Ao começar o baile invadimos a bancada e anunciamos, seja qual for a consequência. Falei. De leve pude escutar uma música.
-Parece que já começou. Falou Jô.
-Corram. Estarei com o Bruce e quando disserem a verdade vou correr para o palco com vocês.
Fui em direção ao Bruce. Percebi que as meninas tentavam convencer o DJ a emprestar sua aparelhagem. Nisto, foram várias tentativas de beijos, frustradas, claro.
-Hey galera, tenho um super babado a anunciar. Falou Lari.
-O que será? Perguntou Bruce. Segurei o riso.
-Tem um casalzinho aí super discreto, mas super chamativo, ao mesmo tempo. Sabem quem é? Não? São eles. Jô apontou para nós. -Percebem, quanto mistério envolvem eles. Em um dia estão brigando e em outro se amando. Será que assim como as estações , as pessoas tem a habilidade de mudar? Bruce fez cara de desentendido e percebi que as duas estavam causando. -Ele fez a nossa amiga vir junto a ele ao baile. Nisto corri ao palco, Bruce poderia me por em perigo. -Sabem qual foi a ameaça? Se ela não viesse Bruce faria mentiras sobre ela pro colégio inteiro. Pensem! Que horrível. Ele não é popular pessoal. Ele arma suas armadilhas para ficar popular. Mas, como dizem, a mentira tem perna curta. Dei altas risadas da cara dele.
-Isso não vai ficar assim. Ele falou correndo para fora do ginásio. Eu e minhas amigas nos abraçamos, festejando a vitória.
-Nossa, sempre sonhei em fazer isso. Jô falou.
-Percebi, você estava com o discurso armado. Falei e rimos.
-Err. Chegou Pierre, puxando-me pela mão. -Preciso fazer uma coisa.
-Hmmmmm. Ouvi de longe minhas amigas pronunciarem, o que me fez ficar super vermelha.
Ele me levou a um lugar menos agitado, mais silencioso, perto da arquibancada. Ele começou a se aproximar a mim e fechar os olhos. Aquilo só podia ser um beijo. Fiz o mesmo. O nosso beijo foi maravilhoso, nem a música agitada de fundo pude perceber. Só o nosso beijo.
-Igual aos contos de fadas. Falou Pierre.
-Igual aos contos de fadas. Repeti.