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Assumindo-se



“Ultimamente tenho me visto como a ‘Maria vai com as outras’, sem opinião própria. Talvez pior, sem sentimento próprio.Vou no estilo de minhas amigas ‘patricinhas’. Gosto do estilo Punk. Odeio ter cabelo loiro. Gosto de calças coladas. Odeio ter que usar saia. Gosto de tênis. Odeio usar salto alto. Tenho medo de me assumir e ser rejeitada por todos e todas. Tenho medo, muito medo.”

Escreveu Flávia para sua amiga que morava em outra cidade.

“Eu sei como é isso, já tive de conviver com isso. Você realmente gosta de suas amigas. Tem medo de perder a amizade delas? Se você não tiver, considere que, é melhor ficar sozinha do que em más companhias. Use calças coladas, tênis. Pinte seu cabelo! É melhor você ligar para a sua opinião do que a os outros! Seja quem você quer ser!”

Respondeu a amiga para Flávia.

Eu sei. –Falou ela lendo a carta. _Eu sei.
No mesmo instante procurou no banheiro um tubinho do qual ela não sabia o porquê de estar procurando.
_Achei. –Falou ela, olhando fixamente para aquele tubo. _A tinta. –Revelou ela, contando o que havia de misterioso naquele tubo.
Era tinta para cabelo ruiva. Ela pintou de um jeito que não aparecesse um fio loiro se quer. No mesmo instante pegou uma tesoura e começo a picar seus cabelos.
_É isso que eu quero? –Perguntou Flávia para si mesma. _Sim. –Falou ela.
Começou a fazer um corte em camadas, em seguida, passou a gilete. Tinha noção que aquilo poderia fazer com que seu cabelo ficasse destruído. Mas era aquilo que queria.
_A partir de agora, perdi uma falsa amizade. Perdi a vergonha de expor as minhas opiniões. Antes tinha me magoado. Agora criei coragem. –Falou ela, com orgulho no olhar.